Doença de Alzheimer: hoje e perspectivas futuras
- Ingrid Adame
- 20 de jul. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 24 de jul. de 2023
A doença de Alzheimer é a causa mais frequente de demência no mundo e estima-se que aumente consideravelmente nos próximos anos. A principal característica clínica é o esquecimento para fatos recentes, podendo ter variações de apresentações clínicas menos comuns da doença. O diagnóstico de maior probabilidade é quando o paciente possui características típicas da doença (que inclui um esquecimento para fatos recentes progressivo e gradual) junto a um exame de neuroimagem compatível. Os tratamentos disponíveis atualmente, infelizmente não conseguem modificar o rumo progressivo e irreversível da doença, que se caracteriza pela piora progressiva do déficit cognitivo junto à piora progressiva da capacidade funcional do paciente (capacidade de fazer atividades cotidianas). Os tratamentos medicamentosos (anticolinesterásicos e inibidores do receptor de NMDA) visam à atenuação dessa progressão e os não medicamentosos (estimulação cognitiva, adaptações ambientais, orientações quanto aos cuidados do dia-a-dia) à maior qualidade de vida dos pacientes e seus cuidadores. Recentemente novos estudos estão sendo realizados com anticorpos monoclonais (Aducanumab, Lecanemab e outros) que atuam diretamente na proteína beta-amiloide depositada no sistema nervoso central, causadora dos danos cerebrais presentes na doença. Resultados iniciais revelam redução do déficit cognitivo e da deposição da proteína beta-amiloide nos pacientes que receberam esses medicamentos nos estudos. Alguns efeitos colaterais também foram observados, sendo preciso cautela em relação à administração dos medicamentos e acompanhamento regular e sistemático desses pacientes. Por esses resultados iniciais, a FDA liberou a utilização desses medicamentos em situações específicas. No Brasil, ainda não há perspectivas de liberação. São necessário estudos mais prolongados para determinar eficácia e segurança na população. No entanto, a ideia de obter no futuro (talvez mais próximo) um medicamento que consiga atuar diretamente na proteína causadora do dano neurológico presente na doença de Alzheimer é animadora e aumenta nossas esperanças em estarmos mais próximos de uma terapia modificadora da doença, que realmente possa mudar o curso dela.
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